Gestão do Conhecimento: um assunto estratégico

Inovação News

Por Beto do Valle, fundador e diretor-executivo da Impakt Consultoria

O título deste artigo tem um lado sarcástico. “Estratégia” é um dos conceitos mais falados e menos aplicados no mundo dos negócios. Nisso, a expressão “gestão do conhecimento” não fica muito atrás. Acontece que são dois elementos importantes demais para serem tratados apenas na base das frases de efeito, e iniciativas nessas áreas exigem uma série de esforços para realmente serem dignas do nome.

A começar pela estratégia: todos reconhecem a importância de um direcionamento estratégico claro para o negócio e do “alinhamento estratégico” de toda a organização. Expressões como “este projeto é estratégico” ou “este cliente é estratégico”, muito ouvidas nos almoços e reuniões corporativas, refletem um uso por vezes superficial, por outras totalmente equivocado do termo.

Em menor proporção, mas crescentemente, o mesmo acontece com a gestão do conhecimento. Diversas organizações enxergam não só que práticas efetivas de gestão do conhecimento são essenciais para seu desempenho presente e futuro, mas também que isso exige uma estratégia específica.

Apesar dessa percepção, o que se encontra na prática dessas organizações são enunciados estratégicos vagos e pouco mobilizadores, na forma de “visão” e “missão”; definições de rumos e escolhas estratégicas mal comunicadas e vagamente compreendidas pelas equipes; e atuação das diversas áreas pautadas por agendas pouco ou nada conectadas à estratégia.

Essa distância — entre a percepção de importância da estratégia e sua utilização efetiva como método de gestão — gera implicações para a gestão do conhecimento. Apenas para citar duas delas: temos a dificuldade de entendimento sobre como o conhecimento contribui para o negócio e para a execução da estratégia organizacional; e também a falta de clareza sobre como definir uma estratégia específica para a gestão do conhecimento e as responsabilidades pela implementação dessa estratégia.

São dificuldades comuns, cuja superação não é complexa, mas sim trabalhosa. Como todo trabalho de definição estratégica, a elaboração de uma estratégia de gestão do conhecimento é um processo de construção. A estratégia pode ser elaborada de forma linear, montando blocos até formar um todo; ou ser formada como resultado de um processo emergente. E sempre deve ser considerada uma referência — não uma estrutura rígida, mas sim um norteador dinâmico e flexível, que deve deixar espaço para a flexibilidade, para ajustes táticos e para a criatividade.

Isso vale tanto para o negócio como um todo quanto para a gestão do conhecimento, que para ser efetiva deve contar com direcionadores estratégicos específicos. Isso vai exigir:

  • Estabelecer diálogos estratégicos com lideranças de várias áreas da organização, visando aprofundar a compreensão da estratégia organizacional e suas implicações; e a partir daí traduzi-la em desafios de conhecimento;
  • Conduzir novos diálogos estratégicos, a partir dos desafios de conhecimento identificados, visando elaborar diretrizes específicas para a estratégia de gestão do conhecimento;
  • Promover novas rodadas de diálogo para desenhar os desdobramentos dessas diretrizes em iniciativas e processos específicos de gestão do conhecimento.

Como todo trabalho verdadeiramente estratégico, não tem atalho. O desenvolvimento de uma estratégia de gestão do conhecimento exige uma abordagem sistêmica, visão de longo prazo e participação de pessoas com diversidade de pontos de vista, além de poder ou influência nas de

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